quarta-feira, 20 de abril de 2011

sítio


O sol anunciava a chegada de um novo dia.
Sem demora, os primeiros raios entravam pelas frestas da janela de madeira.
As telhas que cobriam o quarto escuro e que outrora favoreciam o sono, agora eram tidas como aliadas ao sol invasor.
Era hora de acordar, mas sem aquela preocupação de ter que olhar o relógio, por ter algum compromisso importante logo pela manhã.
Estava de férias. Tinha acabado as aulas, provas, escola e todas essas obrigações de estudante.
Podia me espreguiçar, rolar na cama, fingir que não o tinha visto chegar assim tão rápido, sem avisar.
O cheiro da chuva matinal, os cocoricós das galinhas e os piados dos pássaros denunciavam que eu estava no sítio do meus avós.
Aos poucos, sem pressa, levantava, abria a janela para sentir o frescor da manhã e ia para a cozinha tomar café.
A água do pote de barro no canto da parede, o coador de pano e o pão sovado em cima da mesa, eram símbolos de que ali morava gente simples, que gostava dos sabores da terra.
Mais tarde, a sacralização do cotidiano ia se misturando com as brincadeiras de criança, e subir no pé de sirigüela se juntava com a alegria de tentar alcançar o céu.
O sabor de comer a fruta retirada com as próprias mãos dava-me o “poder” de tê-la quando quisesse, e lembro-me que ficava perguntando como a terra poderia dar algo tão gostoso.
O almoço, era geralmente galinha caipira e depois ia brincar de esconde-esconde ou de sinuca.
A destreza sempre fora minha companheira e conseguia correr pela casa inteira sem derrubar nenhum enfeite ou móvel da sala de estar.
Á tarde, entrava no gabinete e escolhia alguns livros para folhear, principalmente os que tinham figuras.
Á noite, no sofá da sala, assistia o “jornal do 10” com meus avós e depois ia sonolenta para cama.
Meu ser criança me dava a oportunidade de ir dormir sem a preocupação do amanhã...!

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