quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um oásis no deserto: Uma metáfora sobre a inconstância humana



No coração, uma solidão, uma saudade...

Ela vinha caminhando em busca de água. O vento que outrora a favorecia, agora já não lhe servia mais, tinha perdido a força e parecia cada vez mais contrário a si. O cansaço demasiado e as desilusões a fizera parar por um instante e quis voltar atrás. "Nenhum deserto oferece estabilidade, a areia é movediça". Pensou em desistir, mas decidiu prosseguir. Já fazia um bom tempo que estava caminhando e tinha a impressão de que ia continuar assim por um longo período. Afinal, Ele era livre para se esconder dela e a iniciativa era uma característica peculiar Dele, e poderia vir a qualquer hora dar-lhe o "alimento" para continuar a caminhada. Só não entendia o porquê de tanta demora !

Enquanto andava, seus balbucios crônicos a acompanhavam e eram as únicas vozes que ainda soavam aos seus ouvidos. Ela já estava acostumada com a aridez e, a "maturidade" que dizia ter, havia lhe convencido de que o colo e o abraço eram coisas de criança, de quem ainda está na infância, na fase inicial. Depois de um longo tempo, percebeu que havia mais pegadas presentes na areia do que as suas. E, não sei como, mas, em algum momento, Ele aproximou-se de mansinho e caminhava ao seu lado, silenciosamente. Aproveitou a oportunidade para pedir-lhe uma coisa. Pediu que se algum dia seu coração adormecesse e esquecesse de todos os bons momentos que tiveram juntos que por favor a lembrasse. Ele piscou com os olhos carinhosamente, deu-lhe um beijo demorado no rosto, se afastou e saiu assobiando.

Naquela hora, ela sentiu-se amada e querida; desconcertada e surpreendida. O seu Amor gratuito mais uma vez não a decepcionara e ensinara como deveria amar. Enquanto refletia sobre o ocorrido, ela o seguia com o olhar quando, de repente, inesperadamente, Ele voltou-se para trás com um sorriso singelo e com um gesto mudo com as mãos, lhe convidou para ir com ele. Sem duvidar, ela seguiu em sua direção, abraçou-lhe e foram caminhando um ao lado do outro, como Pai e filha que se amam. Naquele instante, sentiu-se segura. Tinha seu Amigo ao seu lado e nada poderia lhe atingir. Apesar de ainda estar sob o calor do deserto, o vento e o sol não mais lhe incomodara como antes. Acabara de encontrar o que tanto ansiava.

No coração, uma presença, uma paz...


"Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas. Elas têm sempre necessidade de explicações". Exupéry


Por: Waleska Bezerra

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Insisto


Insisto em recomeçar, escutar Tua voz, acreditar...

Insisto em crescer, perder para ganhar, perdoar...

Insisto em voltar, buscar Teu amar, calar o coração...

Insisto em me doar, ser, mesmo diante das provas...

Insisto em levantar, erguer-me de novo, apoiada em Ti...

Insisto em esperar, sonhar, nunca desistir ...

Insisto, verbos, que me levam para o infinito, sabedoria dos contrários...

“Porque metade de mim é amor, e a outra metade...também”.

Por: Waleska Bezerra

terça-feira, 3 de novembro de 2009

F 20.9


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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amor e sobrevivência


"Existe uma tribo na África oriental onde a arte da verdadeira intimidade é fomentada mesmo antes do nascimento. Nessa tribo, o aniversário de uma criança não é contado a partir do dia do seu nascimento físico, nem a partir do dia da sua concepção, como em outras culturas primitivas. Para essa tribo, a data do nascimento é contada a partir da primeira vez em que a criança é um pensamento na mente da mãe. Consciente da intenção de ter um filho com determinado homem, a mãe sai de casa e se senta sozinha debaixo de uma árvore. Fica sentada, atenta, até ouvir a canção do filho que ela espera conceber. Quando ouve a canção, volta para o povoado e a ensina para o pai, para que possam cantar juntos e então fazem amor, convidando a criança a se juntar a eles. Depois que a criança é concebida, ela canta para o bebê no seu ventre. Depois ensina a canção para as velhas e parteiras da tribo, para que através do trabalho de parto e do milagroso momento do nascimento a criança seja recebida com essa canção. Depois do nascimento todos os habitantes da tribo aprendem a canção do novo membro da comunidade e a cantam para a criança quando ela cai ou se machuca. A canção é cantada nos momentos de triunfo, ou nos rituais e iniciações. Essa canção torna-se parte da cerimônia do casamento quando a criança cresce e, no fim da sua vida, seus entes queridos reúnem-se em volta do seu leito de morte para cantar a canção pela última vez."


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sobre amor, rosas e espinhos...


"A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas...
Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos.
Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos... ou não. "

Pe. Fábio de Melo



sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ponto final



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Deixa eu te dizer o indizível, o oculto,o inacabado em mim...
Deixa eu me inclinar em teu peito, ouvir teus segredos, teus murmúrios de amor...
Deixa eu te acordar, falar, calar, silenciar, junto a ti...

Deixa eu saber para onde vais, onde tu passeias...
Deixa eu perscrutar teus caminhos, tua fenda, onde repouso...
Deixa, mais uma vez, minha tez morena, adentrar em teu aberto Coração...
E por fim, deixa eu te escrever e poetizar minhas reticências,vírgulas e ponto final.
... , .

Waleska Bezerra

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fênix


Pássaro, pele, pó, poucas, palavras.
O pólen que fecunda os germes imaginários, são reais.
A semente velada, riqueza abscôndita, o grão que brota das cinzas.
O Redentor, a centelha de amor, retratos antigos guardados em meu coração.
Ritual de todo dia, o sagrado que se encontra com o profano.
Viver, morrer, ganhar, perder, sorrir, chorar, correr, esperar, verbos.
Contrários que fazem saborear minha humanidade.
Enquanto alguns esperam o amanhecer, espero o derradeiro dia chegar.
No meu mundo pálido, resta-me o sussurro dos pássaros e o azul do céu.
Enquanto há vida, esperança!

Waleska Bezerra