F 20.9

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Esquizofrênico, este é o diagnóstico.

Vozes estranhas que gritam em seu interior sem serem reconhecidas por ele.

Pessoas desconhecidas que lhe invadem e forçam a ver o que não quer.

Pensamentos cortantes, perturbações que remetem ao estado ameaçador.

Delíros, alucinações, surtos, sintomas positivos.

Medos, ansiedades, descuidos, isolamentos, sintomas negativos.

Pediu para se internar: “sou doente da cabeça” (SIC)

Ser doente: essência ferida, doída, trazida dentro de si.

Psicótico crônico.

Louco? Todos somos um pouco.

Quando criança brincava de bola, futebol, bila e carrinhos.

Mais tarde: 30 internações em hospitais psiquiátricos.

Encheu a boca para falar: “eu já vim aqui várias vezes.” (SIC)

Antes, morava só, numa casa perto da irmã.

Depois, morou com muitas pessoas, mas continou sozinho, em seu mundo cinza, fragmentado.

Homem sem muitas palavras, humor eutímico, tímido, temeroso.

Relatou ter um pai alcoólatra e não se lembrava o ano em que falecera.

A mãe? Também morreu e diz ter sido um ano conturbado.

Da família, é o terceiro de sete. Da doença, apenas mais um entre milhares.

Remédios, atividades, desenhos, horários, rotina hospitalar.

Regras impostas pelas circunstâncias.

Sobre o futuro? Não pensa, não tem sonhos e ideais.

Foi embora, recebeu alta.

Agora, onde ele está?

De seu coração, apenas uma certeza: o criador aí habita.

Deus? Onde você mora?

Por : Waleska Bezerra.